TARIFAÇO DE TRUMP

Como as altas tarifas de Trump podem impactar pequenas empresas que não exportam para os Estados Unidos?

Todos nós ouvimos falar sobre o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos, e é importante entender o que isso realmente representa para as pequenas empresas brasileiras que não exportam para os EUA.

Será que essa medida afeta só quem vende lá fora? E empresas que não exportam para os Estados Unidos, também serão afetadas?

O presidente Trump anunciou novas tarifas sobre produtos importados, atingindo inclusive o Brasil. Ele quer atrair a produção industrial para dentro de seu território, sobretudo das empresas americanas.

O detalhe é que as exportações brasileiras para os EUA representam cerca de 2% do nosso PIB. Pode parecer pouco, mas quando olhamos mais a fundo, os impactos podem surpreender.

Para empresas que já exportam para os Estados Unidos o impacto é imediato: mais impostos significam margem de lucro menor e perda de competitividade no mercado americano.

Mas e para as pequenas empresas que não exportam?

Como essa tarifa pode respingar justamente nas pequenas empresas brasileiras que nem sequer vendem para o exterior.

1. Pressão nos preços e no câmbio:

Com a redução das exportações para os EUA, entra menos dólar no país, e isso pode gerar uma valorização da moeda americana frente ao real. O dólar mais caro encarece combustíveis, energia, fretes, máquinas e insumos importados.

Para a pequena empresa que compra farinha, embalagem, ferramentas ou software importado, o custo da operação pode subir – mesmo sem vender um centavo fora do país.

2. Concorrência redirecionada para o mercado interno

Se as grandes empresas exportadoras perderem mercado lá fora, elas tendem a voltar seus produtos para o mercado doméstico. Isso pode significar uma concorrência mais acirrada para as pequenas empresas que já atuam localmente.

Ou seja, pequenas empresas podem ter que concorrer com grandes empresas que estão com dificuldades de exportar para os Estados Unidos.

3. Chuva de produtos chineses

Com as tarifas norte-americanas pesando sobre produtos chineses — estamos falando de aumentos que chegam a 25%, 30%, até 60% em alguns segmentos — a China naturalmente vai buscar alternativas de mercado para manter sua produção girando e seu comércio ativo. E é aí que entra o Brasil. Ficando mais caro importar para os Estados Unidos, a China poderá direcionar a venda de seus produtos para os países, inclusive para o Brasil, impactando a venda de produtores brasileiros. Ou seja, poderemos ter uma enxurrada de produtos chineses no Brasil, aumentando a concorrência com as empresas brasileiras e até reduzindo o valor dos produtos brasileiros, tendo em vista o aumento da oferta de produtos.

E mais, muitas pequenas empresas – especialmente prestadoras de serviços – que fornecem matérias-primas e até serviços para grandes empresas que exportam, poderão sofrer com a queda na demanda.

Então, o pequeno empresário deve se preocupar?

Ainda não há motivo para pânico, pois, como vimos, os Estados Unidos consomem apenas 2% do que Brasil exporta, mas, sim, é motivo para atenção estratégica.

Embora o impacto direto das tarifas seja pequeno para o PIB brasileiro, os efeitos indiretos podem alterar preços, concorrência, demanda e até investimentos no curto e médio prazo. E isso influencia o cotidiano das pequenas empresas.

Empresas resilientes estarão à frente se conseguirem:

  • Diversificar seus fornecedores para escapar da alta do dólar;
  • Criar diferenciais competitivos para enfrentar concorrência maior;
  • Explorar novos nichos ou até mercados regionais menos impactados.

O tarifaço de Trump pode parecer distante, voltado só para quem atua no comércio exterior. Mas, no mundo globalizado de hoje, nenhuma empresa vive em bolha. Pequenas empresas brasileiras – mesmo aquelas que só vendem para o mercado local – podem sentir os reflexos no caixa, nos preços e até na clientela.

O importante é manter a visão estratégica aberta, acompanhar o mercado e se preparar para mudanças. Afinal, quem entende os sinais do mercado com antecedência, toma decisões melhores.

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