Alta da taxa Selic. Quais os impactos para as empresas?

O Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, acabou de aumentar a taxa Selic — que é a taxa básica de juros da economia brasileira — para 14,75% ao ano, a maior alta em quase 20 anos. Esse aumento tem vários impactos para as empresas, porque influencia principalmente no custo do crédito, aumentando o endividamento das empresas, isso porque os bancos usam a taxa Selic como referência para definir suas taxas de juros, e qualquer aumento na Selic tende a refletir diretamente nos empréstimos. Como encarece o crédito, ou seja, como tomar dinheiro emprestado com o banco fica mais caro, talvez seja o momento de repensar o aumento de investimento, o aumento da estrutura. Tem um detalhe: se a empresa tomou empréstimo com uma taxa pré-fixada, com parcelas fixas, o valor dessa dívida não deve aumentar. Mas se for um empréstimo com uma taxa flutuante, na CDI ou Selic, a parcela desse empréstimo já tomado, pode aumentar. Porque tende aumentar de acordo com a taxa atual, se não foi em parcelas fixas. Teria que avaliar o contrato. A alta da taxa também impacta no comportamento do consumo porque o crédito para o consumidor fica mais caro, com isso a demanda por bens tende a cair, ou seja, o consumo pode cair, afetando empresas do varejo, principalmente de bens duráveis.  Além de o consumo cair e prejudicar a venda, a alta da Selic pode aumentar a inadimplência, porque o custo do dinheiro ficou mais alto e porque a economia como um todo pode entrar em um ritmo mais lento e aumentar o desemprego. Outro ponto que afeta é o câmbio porque a alta da Selic atrai capital estrangeiro, tornando os investimentos em títulos públicos mais lucrativos. Esse fluxo de dólares valoriza o real, o que pode prejudicar a competitividade das empresas que trabalham com exportações, mas, por outro lado, beneficia as empresas que trabalham com importações, porque o real não fica tão desvalorizado frente ao dólar. A taxa Selic é utilizada pelo Copom, basicamente, pra controlar a inflação, mas junto vem os efeitos sobre a economia e inevitavelmente afeta a saúde financeira da empresa. É a contraindicação de um remédio. Por isso todas as empresas, de todos os portes, precisam se adaptar à realidade da economia, e a minha dica é: revisar o planejamento financeiro, renegociar dívidas, planejar antes de crescer, controlar o fluxo de caixa, cortar os custos e desperdícios.

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